Laudo aponta que aluno de Ferraz sofreu lesão pulmonar, diz família

Um laudo médico de exames feitos no estudante Peterson Ricardo Oliveira, de 14 anos, que morreu em Ferraz de Vasconcelos após passar mal na escola, aponta que o adolescente tinha lesão pulmonar, segundo a família. O documento (comunicação entre os hospitais) foi assinado por um médico do Hospital Luzia de Pinho Melo, na sexta-feira (6), quando o rapaz foi transferido de hospital para a realização de exames, e apresentado ao G1 nesta terça-feira (9).

Peterson era filho adotivo de um casal homossexual. Os pais suspeitam que o adolescente tenha sido agredido na escola. Ele passou mal durante a aula e foi levado para o Hospital Regional de Ferraz, onde a família conta ter sido informada que o diagnóstico era aneurisma cerebral. O estudante, que chegou a ficar em coma, morreu nesta segunda-feira (9).

Peterson Ricardo Teixeira de Oliveira teria morrido
após discussão em escola de Ferraz
(Foto: Jéssica Nogueira/Arquivo Pessoal)

O documento foi atestado por um médico neurologista do Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes. O G1 procurou a Secretaria Estadual de Saúde para saber se as complicações no pulmão podem indicar agressão física, mas a pasta informou que não comenta diagnósticos médicos.

Segundo os familiares, o aluno foi levado ao local para passar por exames médicos. O laudo diz que Peterson sofreu uma contusão pulmonar. "Na sexta-feira ele [estudante] foi transferido de hospital para fazer raio-x. O médico falou assim: não é nada disso [aneurisma]. Depois voltamos para o hospital de Ferraz. Ele drenou, deu medicação.", detalhou Márcio Nogueira, um dos pais do menino.

O estudante foi sepultado nesta terça-feira em Ferraz de Vasconcelos. Ele era filho de um casal homossexual, mas os pais ainda não sabem se foi vítima de preconceito. Segundo Nogueira, alunos comentaram que houve uma briga e cinco adolescentes agrediram seu filho em um "corredor da morte".
"Bateram nele no corredor onde ficam alunos de um lado e de outro batendo em quem passa. Eles disseram que ele subiu para a sala de aula e começou a passar mal. Abriu a porta e saiu gritando 'vou morrer, vou morrer, eu não quero morrer. Me ajuda, me socorre.' Foi a hora em que me chamaram na escola”, contou Nogueira, durante velório do filho no cemitério do Cambiri, em Ferraz de Vasconcelos.

Laerte Amaral espera resultado da necrópsia para
entender causa da morte do filho.
(Foto: Maiara Barbosa/G1)

O outro pai dele, Carlos Laerte Amaral, afirmou que o filho não apresentava nenhum tipo de ferimento ao chegar ao hospital. “Estamos esperando o resultado da necrópsia. Ele não apresentava hematomas e está sendo investigado se houve agressão física.” Amaral também disse que o rapaz não tinha problemas na escola.

Além de Peterson, o casal tem mais um filho adotivo. O jovem de 14 anos vivia com os pais desde os 10 anos.

A Polícia Civil apura se houve agressão ao jovem. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) informou na tarde desta terça-feira que o caso é investigado pelo delegado Eduardo Boigues Queroz, titular da Delegacia de Homicídios de Itaquaquecetuba. A SSP acrescentou que "o caso está sendo investigado e nenhuma hipótese está descartada".

Escola nega agressões
Segundo Márcio Nogueira, a diretora da escola disse que não houve briga dentro da sala de aula e sim uma pequena discussão.

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo reforçou a versão da diretora. "É importante reiterar que não há registro de nenhuma agressão dentro da escola, que permanece à disposição das autoridades policiais."

A pasta informou ainda que "lamenta profundamente a morte de um de seus alunos, que estudava na unidade desde os 6 anos e participava ativamente das atividades curriculares extraclasse, inclusive sendo parte do grupo de teatro." Também disse que "todo apoio aos familiares está sendo prestado".

Velório em Ferraz recebeu amigos do adolescente. (Foto: Maiara Barbosa/G1)

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