Hospital entrega frascos de soro e vaselina à polícia
O hospital onde a menina Stephanie, de 12 anos, recebeu vaselina
líquida no sangue mostrou à polícia, nesta segunda-feira (6), que os
frascos usados para guardar soro e vaselina são semelhantes. Para
Claudio Porto,
presidente do Conselho Regional de Enfermagem em São
Paulo, isso não justifica a troca, que pode ter causado a morte da
garota na madrugada do sábado (4).
Os dois frascos são idênticos e ambos têm líquidos incolores. Eles, no
entanto, têm finalidades totalmente diferentes: o de soro é aplicado na
veia de pacientes com desidratação, por exemplo. A vaselina líquida é
usada em peles com queimaduras ou para lubrificar aparelhos em exames
médicos.
O nome de cada produto consta na etiqueta, mas quem medicou a menina
Stefanie provavelmente não viu e injetou vaselina no sangue dela.
Na delegacia, Roseana Mércia dos Santos Teixeira, a mãe de Stefanie,
contou à polícia detalhes do atendimento no Hospital São Luiz Gonzaga,
onde o provável erro aconteceu. A garota tinha sintomas de uma virose:
vômito e diarréia. Ela recebeu duas bolsas de soro e melhorou.
“A médica já ia dar alta para ela. Na terceira medicação é que foi
aplicado esse tubo diferente. Na quinta gota, ela começou a se debater e
passar mal. Vi que era líquido oleoso. Isso eu vi, tenho certeza. Como
se fosse soro, mas era oleoso”, contou a mãe.
Um documento diz que, assim que foi constatada a infusão de cerca de 50
ml de vaselina liquida na veia de Stephanie, o procedimento foi
interrompido. A menina foi levada para a Santa Casa, na região central
de São Paulo, mas não resistiu.
A polícia já recebeu a lista com os nomes dos 16 funcionários que
estavam de plantão na noite de sexta-feira (3). A mãe responsabiliza uma
auxiliar de enfermagem pela troca dos frascos. Para Claudio Porto,
presidente do Conselho Regional de Enfermagem, a semelhança das
embalagens não justifica o erro.
“Não é possível confundir quando isso está sendo feito por um
profissional devidamente capacitado, qualificado e preparado para aquele
procedimento. É inadmissível que exista esse tipo de confusão", disse
Porto.
A Santa Casa de Misericórdia, que administra o Hospital São Luiz
Gonzaga, disse que está consternada com a morte de Stephanie. Em nota, a
entidade informou que abriu sindicância para apurar o caso e que os
profissionais que atenderam a garota estão afastados do trabalho.
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